A regra de ouro e o supernordeste
Ana Cristina Cavalcante - jornal O Povo-18/07/2009
CENÁRIO
O que é preciso para fazer uma economia funcionar? Dinheiro circulando é a resposta rápida para essa questão original do funcionamento dos mercados. Pode-se dizer que é a regra de ouro do manual keynesiano* que tem sido aplicado no Brasil nos últimos anos, por meio da transferência de renda e do fomento. São programas como o Bolsa Família, o Pronaf, de agricultura familiar e o microcrédito. O PAC , cuja pretensão é dar velocidade ao crescimento do País com investimentos maciços, também está no rol dessas iniciativas que buscam fazer a roda girar.
> Especificamente no Nordeste, os efeitos da indução do crescimento econômico podem ser sentidos na mudança do perfil da população, antes excluída de qualquer forma de consumo - inclusive o atendimento de suas necessidades básicas. É na microeconomia que se vê os resultados desta intervenção.
> Estão lá... Na mãe que pode comprar o material escolar de seu filho que, agora vai (e fica) à escola; no trabalhador rural que tem mais recursos para preparar a sua plantação; no merceeiro que diversifica os produtos que vende na comunidade; e nos assalariados que recebem o seu pagamento pelo emprego recém-conquistado.
> É um círculo virtuoso que se realimenta a cada giro que completa. E isso pode ser comprovado com números. Uma pesquisa do Etene, do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), apontou que os R$ 23 bilhões investidos no Bolsa Família, entre 2003 e 2008, renderam R$ 17 bilhões em arrecadação de tributos. O impacto se deu também sobre os salários: R$ 8,9 bilhões a mais pagos a 1,8 milhão de pessoas, empregadas em decorrência da circulação desses recursos no consumo de bens e serviços de seis milhões de nordestinos, antes à margem do mercado.
> Outro exemplo é o Pronaf. De acordo com os dados do Etene, o programa registrou mais de R$ 8 bilhões em aplicações no Nordeste. Os recursos renderam R$ 3,6 bilhões em impostos, R$ 3,4 bilhões em salários pagos e R$ 13,8 bilhões em aumento da produção. Com a injeção de ânimo (leia-se o tal do dinheiro circulando, da regra de ouro), o Nordeste mostra a quem ainda não tinha percebido que é dono de um pujante mercado consumidor, com média de crescimento maior que a do resto do País.
> E aí está outra lição de Keynes que o Brasil aprendeu muito bem: o fortalecimento do mercado interno. “No Nordeste foi onde se observou, nos últimos anos, a maior migração de pessoas da classe D para a classe C, caminho natural de um país continental como o Brasil, que é a expansão do seu mercado doméstico”, defendeu o deputado federal, José Nobre Guimarães, ao apresentar os números do Etene. E é ele quem arremata: “O Nordeste não é mais o coitadinho. É uma fronteira de possibilidades para o desenvolvimento do Brasil”.
* Política Keynesiana é a baseada no pensamento econômico de John Maynard Keynes, que pregou a participação efetiva do Estado na recuperação de economias estagnadas ou em recessão, por meio da injeção de renda via criação de frentes de trabalho remunerado.
O que é preciso para fazer uma economia funcionar? Dinheiro circulando é a resposta rápida para essa questão original do funcionamento dos mercados. Pode-se dizer que é a regra de ouro do manual keynesiano* que tem sido aplicado no Brasil nos últimos anos, por meio da transferência de renda e do fomento. São programas como o Bolsa Família, o Pronaf, de agricultura familiar e o microcrédito. O PAC , cuja pretensão é dar velocidade ao crescimento do País com investimentos maciços, também está no rol dessas iniciativas que buscam fazer a roda girar.
> Especificamente no Nordeste, os efeitos da indução do crescimento econômico podem ser sentidos na mudança do perfil da população, antes excluída de qualquer forma de consumo - inclusive o atendimento de suas necessidades básicas. É na microeconomia que se vê os resultados desta intervenção.
> Estão lá... Na mãe que pode comprar o material escolar de seu filho que, agora vai (e fica) à escola; no trabalhador rural que tem mais recursos para preparar a sua plantação; no merceeiro que diversifica os produtos que vende na comunidade; e nos assalariados que recebem o seu pagamento pelo emprego recém-conquistado.
> É um círculo virtuoso que se realimenta a cada giro que completa. E isso pode ser comprovado com números. Uma pesquisa do Etene, do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), apontou que os R$ 23 bilhões investidos no Bolsa Família, entre 2003 e 2008, renderam R$ 17 bilhões em arrecadação de tributos. O impacto se deu também sobre os salários: R$ 8,9 bilhões a mais pagos a 1,8 milhão de pessoas, empregadas em decorrência da circulação desses recursos no consumo de bens e serviços de seis milhões de nordestinos, antes à margem do mercado.
> Outro exemplo é o Pronaf. De acordo com os dados do Etene, o programa registrou mais de R$ 8 bilhões em aplicações no Nordeste. Os recursos renderam R$ 3,6 bilhões em impostos, R$ 3,4 bilhões em salários pagos e R$ 13,8 bilhões em aumento da produção. Com a injeção de ânimo (leia-se o tal do dinheiro circulando, da regra de ouro), o Nordeste mostra a quem ainda não tinha percebido que é dono de um pujante mercado consumidor, com média de crescimento maior que a do resto do País.
> E aí está outra lição de Keynes que o Brasil aprendeu muito bem: o fortalecimento do mercado interno. “No Nordeste foi onde se observou, nos últimos anos, a maior migração de pessoas da classe D para a classe C, caminho natural de um país continental como o Brasil, que é a expansão do seu mercado doméstico”, defendeu o deputado federal, José Nobre Guimarães, ao apresentar os números do Etene. E é ele quem arremata: “O Nordeste não é mais o coitadinho. É uma fronteira de possibilidades para o desenvolvimento do Brasil”.
* Política Keynesiana é a baseada no pensamento econômico de John Maynard Keynes, que pregou a participação efetiva do Estado na recuperação de economias estagnadas ou em recessão, por meio da injeção de renda via criação de frentes de trabalho remunerado.
Um comentário:
Não creio que medidas keynesianas resolvam os problemas econômicos do nordeste ou da crise mundial neste momento. Em todo caso, precisamos rever nossos conceitos sobre o papel do povo pobre nesses novos desafios. Abraço, amigo.
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