domingo, 5 de julho de 2009

ECONOMIA E ECOLOGIA

Troque o seu carro por uma bicicleta
Ana Cristina Cavalcante Jornal O Povo 04/07/2009

CENÁRIO
Fortaleza foi uma das cidades brasileiras que mais venderam carros em junho. Mais de 5 mil. Ótimo? Sim e não. Sim, porque é um sinal claro de que o poder de compra das pessoas resistiu à crise - seus poucos efeitos práticos e seu inúmeros efeitos psicológicos. Se o fortalezense está indo às concessionárias para comprar carro novo, é porque suas finanças vão bem. O desempenho do varejo é sinal claro disso; e o segmento de bens duráveis mais ainda. A confiança do consumidor local, se é que tinha ido embora, voltou. Vista por esse ângulo, a repercussão do recorde dos veículos é incontestavelmente boa.
> Como tudo tem três lados, vale ponderar sobre a mais famosa lei da física a aplicá-la neste caso. Diz Einstein: para toda ação há sempre uma reação. As consequências de mais 5 mil carros circulando pelas ruas de uma cidade que já não dá conta do seu meio milhão de veículos - mais precisamente 590 mil de um total de 1,12 milhão em todo o Estado). O primeiro desses reflexos a vir à mente é o trânsito - com congestionamentos, onde antes o fluxo era livre ,e muito mais tempo perdido nas filas que se formam nas avenidas de Fortaleza.
> O tráfego difícil é, sim, um efeito da quantidade de carros deste 2009 passando por corredores construídos nos anos 70, 80 e 90 do século passado. A cidade não foi planejada para receber tantos automóveis. Não comporta. Mas, o grande problema desse excesso está na fumacinha que os motores deixam no ar da Capital. Não esqueçam, caros leitores, que o tempo de poluir já está esgotado. Vivemos uma época de corrigir, a toque de caixa, os erros do passado. E, certamente, não será colocando mais carros nas ruas que vamos contribuir para transformar a realidade do aquecimento global.
> A Coluna trouxe o assunto à tona não como forma de ver o lado ruim de um dado positivo da economia. A intenção, aqui, é fazer uma reflexão sobre os caminhos que podemos escolher para melhorar o mundo em que vivemos. Que a indústria se desenvolva; que os governos criem mecanismos de incentivo ao setor produtivo, sempre; que os brasileiros tenham dinheiro (ou crédito) para comprarem o que quiserem. Mas se, em vez de carros, a indústria fabricasse mais bicicletas; prefeituras construíssem ciclovias; e os consumidores preferissem as duas rodas (sem motor)... Aí, sim, teríamos muito para comemorar.
PENSAMENTO ECONÔMICO
“Comida é a única coisa na experiência humana que pode, ao mesmo tempo, abrir nossos sentidos e nossa consciência sobre nosso lugar no mundo.”
>> O Pensamento Econômico abre espaço para a lição de Alice Waters, chefe de cozinha autora do best seller A Arte da Comida Simples. A ideia é mostrar que os novos tempos exigem a consciência de que é nossa a responsabilidade de acabar com o maior apartheid social: a escassez e má distribuição de comida.
ECONOMIA REAL
SANEAR AO CUBO
O presidente da Cagece, Henrique Lima (na foto de Georgia Santiago), afirmou à Coluna que os recursos já captados pela estatal de água e esgoto do Ceará são o equivalente a “três Sanear”. Ele explica que a Cagece possui diversos programas de esgotamento sanitário e os recursos vêm de diversas fontes. Alguns poucos são “a fundo perdido”, como Funasa. Mas a maioria, “maioria mesmo”, são empréstimos que a Cagece faz e precisa prestar contas depois.
> Ao todo, a empresa contabiliza 16 programas (incluindo subprogramas) de implantação de saneamento (água e esgoto). Entre eles, é que está o Sanear II. Desde 2007 e até 2012, a Cagece pretende aplicar cerca de R$ 840 milhões. Apenas R$ 185,9 milhões são do Sanear. O restante está dividido entre Alvorada, PAC, KFW, Pró-saneamento e outros programas.
> Segundo Henrique Lima, a Cagece está investindo este ano, só em Fortaleza, cerca de R$ 150 milhões. O valor aproxima-se do recorde histórico da empresa para todo o Estado.
SOBRE FUSÕES
O deputado e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, é um dos defensores da modernização dos processos de concorrência. É relator do projeto de lei que propõe a reestruturação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). E, em tempos de tantas e tamanhas fusões, é bom que todos estejamos atentos para as condições em que a concorrência se dá (ou não se dá!). “As propostas para a reestruturação do Cade vêm modernizar as ferramentas para proteção da concorrência. É um sistema admirável até se comparado ao de outros países e, principalmente, resguarda o consumidor porque inverte a lógica atual. Pela proposta, os atos que podem provocar concentração do mercado devem ser comunicados aos órgãos de defesa da concorrência antes da conclusão do negócio. Atualmente, esse aviso ocorre somente após a conclusão das fusões”, disse Gomes.

Um comentário:

Joatan Freitas disse...

Está difícil professor, mas é uma boa idéia.